Ciclone se forma hoje com menor impacto no Rio Grande do Sul

Ciclone extratropical se forma nesta quarta-feira na costa do Uruguai e a frente fria associada ao sistema vai cruzar pelo Rio Grande do Sul. A MetSul Meteorologia enfatiza mais uma vez que este sistema não oferece o nível de risco de sistemas anteriores e que os seus impactos no estado gaúcho devem ser baixos quando comparados aos ciclones de junho e julho.

Por que este sistema é diferente e o risco muitíssimo menor? Os ciclones intensos de junho e da segunda semana de julho trouxeram volumes excessivos de chuva para parte do Rio Grande do Sul com acumulados de até 350 mm em junho e superiores a 200 mm duas semanas atrás.

Este sistema até traz chuva localmente forte, especialmente na Metade Sul, mas sem os volumes extremos dos dois episódios anteriores. Além disso, a frente fria associada ao ciclone ao avançar pelo Rio Grande do Sul não deve proporcionar acumulados altos de precipitação na maioria das localidades. Em muitas cidades da Metade Norte, os volumes devem ser bastante baixos.

O vento do ciclone de junho passou de 100 km/h no Litoral Norte gaúcho e derrubou centenas de árvores em Porto Alegre. No evento de duas semanas atrás, as rajadas chegaram a 150 km/h no Sul gaúcho e nos Campos de Cima da Serra, deixando mais de três milhões de gaúchos sem luz. Duas semanas após, ainda existem pessoas sem energia no Sul do estado.

Desta vez, o ciclone não vai trazer vento muito intenso para o estado. Na esmagadora maioria das cidades do Rio Grande do Sul, o vento por conta deste ciclone será no máximo moderado. As rajadas mais fortes devem ocorrer no Sul e Leste gaúcho, em especial na costa Sul, em média de 50 km/h a 70 km/h e isoladamente superiores. Onde mais deve ventar é na costa Sul e Leste do Uruguai, em particular em Maldonado, mas será um temporal de vento que não fugirá aos que os uruguaios estão acostumados.

O ciclone de duas semanas atrás organizou uma poderosa linha de tempestades com vento horizontal violento, microexplosões e tornados no Noroeste gaúcho. Embora haja o risco de temporais isolados de vento forte no avanço da frente fria hoje no estado, a probabilidade de tempo severo é muito menor que no sistema dos dias 12 e 13 de julho.

Muitas nuvens cobrem o Rio Grande do Sul nesta quarta. No Norte e no Nordeste gaúcho, contudo, o sol aparece com nuvens em parte do dia. Frente quente no começo do dia traz chuva, até forte, em pontos do Sul, Centro e o Leste do estado. Ao longo desta quarta, ciclone se forma na costa uruguaia e impulsiona ar frio que levará a frente a se mover para Norte como sistema frontal frio, levando chuva a todas as regiões.

Na maioria das localidades, os volumes serão baixos na passagem da frente. Vento fraco a moderado, que aumenta à noite com chance de rajadas, porém não muito intensas. No fim do dia, o tempo estará aberto no Oeste, parte do Centro e o Sul gaúcho com o tempo já melhorando em muitas cidades gaúchas.

ROTA DO CICLONE

O ciclone extratropical que se forma hoje vai obedecer a trajetória comum dos ciclones que se originam na região do Rio da Prata, deslocando-se para Leste e Sudeste rapidamente e se afastando do continente até amanhã, conforme a projeção dos modelos e a rota traçada pela MetSul Meteorologia.

A baixa pressão começa a se aprofundar na manhã de hoje na costa do Uruguai com 1007 hPa. À tarde, o ciclone estará configurado com 998 hPa na foz do Rio da Prata. À noite, o centro do ciclone estará movendo-se para Sudeste sobre o Atlântico com 987 hPa já a 39ºS e 50ºW, ou seja, centenas de quilômetros ao Sul do Rio Grande do Sul. Na próxima madrugada, seguirá se afastando para Leste ainda ao redor de 39ºS e distante do estado gaúcho.

Como se observa na trajetória do ciclone projetada pela MetSul, o caminho a ser percorrido por este sistema será muitíssimo diferente dos episódios graves de ciclone que castigaram o Rio Grande do Sul em junho e na segunda semana de julho.

O ciclone de 15 e 16 de junho, que deixou 16 mortos, se originou de uma baixa que se formou na costa do Sudeste do Brasil e migrou de forma anômala do mar em direção ao continente até o ciclone ganhar força sobre o mar junto ao Litoral Norte gaúcho, onde permaneceu por horas antes de se afastar.

Já o ciclone entre os dias 7 e 8 de julho se formou longe da costa, mas a baixa pressão que lhe deu origem passou e se aprofundou sobre a Metade Norte do Rio Grande do Sul, trazendo chuva que somou até 130 mm em algumas cidades com estragos.

Por sua vez, o ciclone dos dias 12 e 13 de julho, de forma pouco comum, se formou sobre o Rio Grande do Sul, em terra, numa ciclogênese continental e não marítima. Ao chegar na costa, se aprofundou muito sobre o mar bastante perto do litoral.  Por isso, a chuva foi volumosa e os ventos ainda mais intensos que no sistema de junho com oito mortes e rajadas de até 150 km/h no Rio Grande do Sul e perto de 160 km/h em Santa Catarina.

CICLONES SÃO NORMAIS E FREQUENTES

Ciclones fazem parte da variabilidade natural do clima e são documentados no Rio Grande do Sul por naufrágios na costa ainda no século 19, quando o planeta não passava pelo atual processo de aquecimento antropogênico. Há poucos dias, a MetSul publicou especial em que relata um violento ciclone que atingiu o estado em julho de 1923, exatamente há cem anos.

Ciclones são absolutamente comuns em nosso clima e ocorrem no Atlântico Sul semanalmente. Não raro há dois ou três ciclones no Sul do Atlântico perto da Argentina e da Antártida. Já ciclones na costa do Sul do Brasil são menos frequentes, embora não raros.

Estes ciclones muito próximos da costa do Sul do Brasil têm maior potencial de trazer impactos severos por chuva e vento porque interagem mais com a orografia (relevo) da região da Serra do Mar que os sistemas que se formam tradicionalmente do Rio da Prata para o Sul.

Como o ciclone de junho atuou rente ao Litoral Norte e o da segunda semana de julho se formou sobre o Rio Grande do Sul e ganhou muita força sobre a orla, os seus efeitos foram graves. Ocorre que esta não é a regra. A maioria dos ciclones se forma do Rio da Prata para o Sul no Atlântico e a grande maioria não tem impactos severos no Rio Grande do Sul.

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