No hospital de Veranópolis, dificuldade na compra de medicamentos do kit intubação segue sendo realidade

Diminuição de pacientes intubados possibilita a manutenção de atendimento

Após um quadro de grande demanda decorrente do avanço da pandemia de covid-19 e a necessidade da organização de uma “UTI improvisada”, o Hospital São Peregrino Lazziozi, de média complexidade, enfrenta um novo desafio: a falta de medicamentos. Há semanas, o fato vem sendo um problema para todas as casas de saúde do país. Neste momento, no HCSPL, não há mais Atracúrio, relaxante muscular.

A diminuição no número de internações e o baixo ou inexistente quantitativo de pacientes intubados possibilita que a situação da casa não seja mais crítica e que a instituição, por meio do remanejo das drogas, siga atendendo os enfermos. Contudo, a preocupação é referente a dificuldade na compra e a falta de projeção de quando esses medicamentos chegarão.

Os medicamentos que compõe o “kit intubação”, como sedativos, estão com estoques em nível crítico e sem perspectiva de chegada de novos lotes. Rocurônio, relaxante muscular, sedativos como Midazolam e Fentanil, Enoxaparina 40mg/60mg, Aminofilina, Ambroxol e Norepinefrina também estão em falta no mercado e com pouco estoque na casa de saúde.

O que ocasionou esse quadro

Com grande demanda e a retenção dos medicamentos por parte do governo federal, hospitais que não possuem Unidade de Terapia Intensiva acabam sendo “os últimos da fila” para receber os medicamentos. Nesse sentido, casas de saúde como a de Veranópolis não recebem os remédios do governo e não estão conseguindo comprar no mercado por conta da falta e retenção do Ministério Público.

O diretor da casa de saúde, que também está à frente do Sindicato das instituições filantrópicas de saúde da Serra, Rogério Franklin da Silva, afirma que não há previsão de chegada, salientando, também, que a mesma realidade é vista em hospitais de todo o estado. Além da compra, reivindicações junto ao governo estadual estão sendo realizadas pelos gestores de saúde, buscando que os medicamentos advindos do governo federal, que são encaminhados a hospitais com UTI, sejam também disponibilizados às demais casas de saúde.

– O estado não nos deu a devida atenção, nos intimou a fazer a cobertura para as UTI’s e não deu assistência financeira e nem de estrutura – afirma o diretor.

A tentativa de adquirir os insumos no exterior, também está sendo realizada. Normalmente, a compra é feita em empresas nacionais. Esse quadro grave soma-se aos preços abusivos cotados sobre cada remédio, fato que acarreta em problemas financeiros ainda mais latentes nos hospitais que já estão apresentando dificuldades.

– Eu acho que poderíamos pagar mais (até) uns 20%, mas tem medicamentos que está 160%, 260% a mais (que o preço normal). Isso é um problema, além de não ter a gente está pagando esse valor absurdo – aponta Rogério.

Como isso interfere no atendimento aos pacientes

Desde o início do colapso do sistema de saúde em geral, que data há cerca de quatro semanas, o hospital já começou a trabalhar em um quadro de alerta. Segundo Daniel Tressino, médico da linha de frente, existe o panorama ideal de atuação e o possível. Este último está sendo o adotado no momento, por conta do contexto. Como consequência, remanejo de medicamentos e um esforço maior da equipe de saúde está sendo realizado no objetivo de manter a harmonia entre o paciente e o respirador, com os insumos disponíveis. Essa harmonia depende, porém, do relaxamento e sedação dos hospitalizados que são consequência dos medicamentos usados.

O médico reforça que o fato não preocupa apenas a ala covid-19, mas todos os pacientes, visto que, esses mesmos remédios são implementados em cirurgias de emergência.

Assim, a equipe de saúde está otimizando suas estruturas, realizando a substituição de medicamentos e mantendo os pacientes conforme permite a sua capacidade, que é de média complexidade. O ideal, frisa Tressino, é que esses pacientes internados possam ser encaminhados para a UTI o quanto antes.

Apesar de uma grande carga, no momento, é descartada a possibilidade da casa não poder atender um paciente por falta de remédios.

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