Litro do diesel no Brasil deve subir até 10 centavos após a Rússia suspender as exportações de combustíveis

O governo russo anunciou cortes significativos nas exportações de diesel e gasolina da Rússia, resultando em efeitos que reverberarão globalmente e afetarão os preços desses combustíveis. A Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) prevê um aumento de 5% no preço de paridade de importação no Brasil devido a essa nova restrição russa.

Para o Brasil, uma das consequências imediatas será o aprofundamento da defasagem entre os preços praticados pela Petrobras e o Preço de Paridade de Importação (PPI). Até a última quarta-feira, 20 de setembro, a Petrobras vendia gasolina a 6% ou R$ 0,19 por litro abaixo do PPI calculado pela Abicom, enquanto no caso do diesel, essa diferença era ainda mais expressiva, chegando a 14% ou R$ 0,64 por litro.

A presença do diesel russo no Brasil contribuiu para tornar menos aderentes à realidade os cálculos de defasagem entre os preços da Petrobras e o PPI, que se baseava nos preços do Golfo do México. No entanto, a diferença real de preço é consideravelmente menor do que se propalava.

O aumento nos preços, conforme apontado por Sergio Araujo, presidente da Abicom, é apenas o primeiro efeito do movimento russo. O Brasil se tornou um grande importador de diesel russo desde abril, atrás apenas da Turquia, o que significa que pode haver consequências significativas no suprimento de diesel para o mercado brasileiro. Em agosto, o diesel russo representou impressionantes 74% do total das importações de diesel no país.

Quanto à gasolina, o risco de interrupção no suprimento é menor, pois o Brasil importa apenas 5% ou menos do volume que consome.

Ainda não está claro como os importadores brasileiros com contratos com fornecedores russos serão afetados, uma vez que as regras dos cortes e sua duração permanecem incertas. Analistas especializados ouvidos pelo Estadão/Broadcast concordam que as consequências para compradores pontuais são evidentes, mas o impacto sobre aqueles com contratos vigentes ainda é um mistério.

A decisão do governo russo de restringir temporariamente a exportação de gasolina e diesel tem como objetivo estabilizar os preços dos combustíveis no mercado doméstico, que têm apresentado alta devido à maior demanda ligada a picos de safra agrícola e manutenções em refinarias que limitaram a oferta. O decreto com a suspensão das vendas foi assinado pelo primeiro-ministro Mikhail Mishustin e visa a saturação do mercado de combustíveis, com o intuito de reduzir os preços para os consumidores russos.

Antes desse anúncio, a Rússia já havia reduzido as exportações de diesel em cerca de 30%, para aproximadamente 1,7 milhão de toneladas nos primeiros 20 dias de setembro, em comparação com o mesmo período de agosto, de acordo com analistas do setor.

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