Festival Internacional de Folclore de Nova Prata divulga tema da 19ª edição

Um encontro improvável entre um homem pobre e um nobre governante ficaria guardado na memória, no imaginário e nas letras dos povos. Em busca de paz, união e movido pela esperança de um novo despertar, o humilde homem embarcou, sem água e sem pão, numa longa e difícil jornada a procura de um sultão para pregar o amor e a fraternidade entre os que se julgavam diferentes. Era um tempo de perseguição e intolerância, mas ele peregrinou para buscar e levar a igualdade a quem recebesse sua mensagem. Aquilo que era visto como impossível aconteceu. Mesmo sem falar a mesma língua e dotados de crenças diversas, o diálogo dos olhos, da compaixão e da consciência prevaleceu.

Oitocentos anos se passaram e as palavras deixadas pelo peregrino continuam lúcidas e ainda precisas. Andamos por estradas cada vez mais tortuosas, brigamos pelos mesmos motivos que nossos antepassados, que travaram as mesmas lutas dos que vieram antes. Temos cometido erros tão antigos quanto os céus, temos gritado as mesmas dores dos primeiros homens, temos julgado os mesmos discordes daqueles que a terra já converteu. Noite após noite enfrentamos as mesmas velhas barreiras construídas com cansadas cercas por aqueles que um dia foram irmãos.

A evolução dos tempos, sociedades e tecnologias, em sua busca incessante por progresso, esqueceu-se de olhar para os lados e entender que o diferente também é humano e que essas diferenças são o mais puro retrato da criação e da riqueza de nossa raça. Pelas telas, somos ensinados a ter, consumir e parecer, enquanto ficamos cada vez mais distantes do ser, do amar e do acolher. Esquecemos quem somos e que deveríamos ver o outro dentro de nós mesmos. Envenenamos o mundo na mesma proporção que nossas almas e mentes adoecem; trocamos o valor dos abraços, dos reencontros e dos sorrisos por pedras, metais e papéis fracos. Corrompemos as águas, os ares, as matas e os bichos em troca de falsos poderes, criando guerras, causando pestes e doenças e esquecendo nossa verdadeira missão enquanto hóspedes desse mundo.

Porém, é tempo de lembrar. Lembrar o real sentido de sermos uma só espécie. Lembrar que somos feitos da mesma carne, do mesmo sangue e que viemos do mesmo lugar. É tempo de ouvir e sentir que o coração que pulsa dentro de cada um de nós bate no mesmo ritmo. O 19º Festival Internacional de Folclore de Nova Prata, inspirado naquele pobre caminhante e em sua Carta aos Governantes dos Povos, resgata o sentido de sermos todos irmãos, filhos da terra, dos ventos, das folhas e nascentes. Nessa grande festa que carrega em suas raízes o valor da diversidade, celebraremos, de mãos dadas, os sons, as cores, as vozes e as crenças de todas as gentes, para que possamos andar em direção a um mesmo norte, num percurso cheio de compaixão, paz, amizade e igualdade.

Serviço: o Festival acontece de 06 a 10 de setembro de 2023, em Nova Prata

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