AAMA de Nova Prata divulga carta aberta devido a impossibilidade de receber novos animais

A AAMA de Nova Prata divulgou nesta quarta-feira, 22, uma carta aberta devido a impossibilidade de receber novos animais, confira na íntegra:

Como a grande maioria de vocês já sabe, o canil da AAMA é administrado somente por voluntários e nossas dependências estão localizadas em um espaço cedido pelo poder público. Além da cessão do terreno, o Município também colabora com parte da arrecadação mensal da entidade, porém, não se trata de um espaço público.

Nova Prata e arredores quase não possuem animais de rua, já que a grande maioria deles está em nosso abrigo. As pessoas não estão acostumadas a ver animais na rua e quando os encontram, logo nos acionam para que eles sejam recolhidos ao abrigo. Porém, precisamos que vocês entendam que isso não deveria ser assim.

O canil conta com dois tratadores de animais que trabalham diariamente cuidando dos cães e tentando manter o abrigo nas melhores condições. Toda a parte relacionada à administração, controle de despesas, aquisição de ração e outros materiais e atendimento/cuidado com os animais resgatados é feito por voluntários, de forma totalmente gratuita.

Não somos clínica veterinária, não dispomos de atendimentos veterinários gratuitos e muito menos somos funcionários públicos municipais. Somos voluntários, trabalhamos o dia todo em outras atividades e nos revezamos da melhor forma para poder atender telefone, responder redes sociais e dar a devida atenção para todos os que nos chamam diariamente, sem ganhar nenhum real por isso.

E são muitos os pedidos de ajuda diários. Alguns urgentes, falando de animais passando fome e sem abrigo e muitas vezes machucados, precisando de cuidados. Outros sobre cães com tutores que por uma ou outra razão desejam se desfazer de seus animais. Atendemos a todos os pedidos de ajuda, mas precisamos ser criteriosas na hora de acolher novos animais no abrigo.

Por isso aprendemos, com o passar dos anos, que não podemos salvar o mundo! Não temos estrutura física e nem condições financeiras de atender a todos os pedidos de ajuda que chegam até nós todos os dias e por isso, acabamos ficando mais rigorosas nos nossos processos de triagem para acolhimento de novos cães.

Temos como padrão não acolher cães de outros municípios, já que cada cidade, independente do tamanho, deveria ter políticas públicas ou meios de atender animais abandonados. Apesar disso, amamos os peludos e analisamos caso a caso, fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance por eles. Tratamos e cuidamos com dignidade de todos animais que chegam até nós.

O abrigo não é um depósito de animais. Nos importamos com a qualidade de vida dos que estão lá e gostaríamos que o nosso abrigo fosse somente um lar temporário, onde o cão deveria ficar somente até encontrar um lar de verdade.

Um dos motivos para sermos criteriosas na hora de abrigar animais é porque a grande maioria dos que entra, nunca mais sai. A maioria das adoções são de cães pequenos, filhotes ou “parecidos” com de raça. Cães de porte grande, adultos e idosos quase nunca são procurados e por lá ficam, até seus últimos dias. Por isso ter infraestrutura adequada é imprescindível.

Contamos com um módulo de baias em boas condições, construído com a mão- de-obra cedida pela Administração Pública Municipal (2017 – 2020) e materiais adquiridos com recursos próprios da AAMA.

Tínhamos um outro módulo de baias, bem mais simples, que foi desmanchado nos últimos anos por estar em condições precárias. Naquele espaço tínhamos a esperança de construir um novo módulo, com baias espaçosas, enfermaria, maternidade, banheiros e escritório, para melhorar o bem-estar dos nossos cães e também dos tratadores e voluntários que frequentam o espaço diariamente.

Esse espaço novo deveria ser construído com uma verba federal de cerca de 100 mil reais, destinada à Nova Prata através do deputado Maurício Dzydiek, intermediada pela Regina Becker Fortunatti. Todavia, com a troca da Administração Municipal, essa verba que era pra ser NOSSA foi redirecionada.

Onde existia o módulo de baias que foi desmanchado hoje existe um espaço vazio no meio do canil. Aquelas baias eram simples mas funcionais e lá abrigávamos cerca de 60 cães. Essa construção do novo módulo de baias que nos foi “tirado” foi um banho de água fria, assim como tem sido a relação com a atual Administração Municipal.

O valor do nosso convênio com o Município não é reajustado desde 2020 e, mesmo com campanhas de arrecadação, sorteios, rifas, venda de produtos com nossa “marca” e sendo voluntárias ativas na busca por receitas para a AAMA, não está sendo suficiente.

Acolher novos cães nas condições que encontramos atualmente não é saudável e nem digno. Afinal, não queremos ser um depósito de animais.

ESTAMOS TOTALMENTE IMPOSSIBILITADOS DE RECEBER OU MESMO AJUDAR NOVOS CÃES, seja qual for a urgência ou necessidade. E isso vale tanto para cães abandonados ou cães com tutores que necessitem do nosso apoio.

Nossos funcionários trabalham durante a semana e, aos finais de semana, são poucos os voluntários que se revezam (com boa vontade e amor) nos cuidados com os cães do canil. Além disto tudo, os números de abandonos aumentaram exponencialmente e as adoções diminuíram, dificultando ainda mais qualquer passo que queiramos dar.

Acolhemos todos os cães que podemos, na melhor das intenções, mas isso criou um “vício” na população da nossa cidade e arredores, pois grande parte das pessoas entende que é nossa obrigação acolher, cuidar, manter e resgatar todo e qualquer animal que apareça, seja abandonado ou não.

Ao contrário disso, a função dos protetores deveria ser a de resgatar aqueles animais que realmente precisam de ajuda e os acolher temporariamente. Por isso seremos ainda mais seletivos com relação aos cães que iremos receber em nosso abrigo de hoje em diante.

Acreditamos que para mudar essa situação talvez seja preciso um choque de realidade/consciência na maioria da população com relação à questão animal. As pessoas precisam entender que animais não são objetos, que uma adoção é pra vida toda e que castrar é obrigação.

Muitos precisam ver e entender a importância do nosso trabalho e, para isso, talvez seja necessário que existam mais cães de rua circulando pela cidade, interiores e arredores. Quem sabe assim aqueles que abandonam aos menores motivos, aqueles que consideram a castração algo desnecessário e até mesmo o Poder Público compreendam como o nosso trabalho é importante e como programas públicos de conscientização, castração em massa e adoções são fundamentais.

Com mais adoções e redução do número de abandonos o nosso canil se torna mais lar temporário do que permanente e as possibilidades de acolher casos urgentes e fazer melhorias no nosso espaço também aumentam.

Somos muito gratos a todos que nos ajudam de todas formas e fazemos este relato para que todos possam entender um pouco mais sobre como funciona o nosso trabalho e sobre o amor que temos pelos peludos que ajudamos.

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