Santa Catarina vira centro de distribuição de drogas para o RS, avalia o Denarc

O ano de 2022 vai terminar com Santa Catarina sendo cada vez um centro de distribuição ao invés de um corredor do tráfico interestadual de drogas para o Rio Grande do Sul. Apreensões expressivas de entorpecentes, vindos do estado vizinho, foram efetuadas pelas várias forças de segurança pública ao longo dos 12 meses.

“Com um alinhamento cada vez maior entre os grupos criminosos nacionais e internacionais, a região Sul do país acabou se tornando um território atraente para os narcotraficantes, principalmente se levarmos em conta que os portos do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil já estão bem ‘batidos’, o que muitas vezes faz com que esses criminosos acabem optando por rotas alternativas”, explicou o diretor do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil, delegado Carlos Wendt, na manhã desta segunda-feira à reportagem do Correio do Povo.

“Além do mais, constatamos a ampliação do transporte de drogas por meio de aeronaves de países oriundos da América do Sul com destino aos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esse fato também se deve a uma mudança de rota para dificultar o trabalho de fiscalização”, observou. “É uma rota interessante para eles, pois conseguem desembarcar essa droga em pistas clandestinas, fazem o transporte terrestre até os portos e de lá embarcam para a Europa, onde o preço da droga chega a custar até dez vezes mais caro”, acrescentou.

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A sofisticação das transações feitas pelo narcotráfico também são observadas com atenção pela Polícia Civil. “Quando temos essas movimentações mais sofisticadas do narcotráfico, naturalmente observamos mudanças na rotina das regiões envolvidas nesse contexto. As forças de segurança pública não podem ficar para trás e estão sempre buscando ampliar as informações e otimizar os trabalhos”, afirmou Wendt. “Estamos trabalhando forte na integração entre as instituições dentro e fora do estado. Já fizemos diversas ações em conjunto com a DRE da Polícia Civil de SC. Em uma delas, apreendemos 25 quilos de cocaína, droga avaliada em cerca de meio milhão de reais”, complementou.

Questionado se a realidade do Uruguai em relação às drogas foi o que mudou o panorama, o diretor do Denarc avaliou que a legalização do uso de maconha no país vizinho também foi um fator que “certamente influenciou na dinâmica do narcotráfico” da região Sul do país. “Quando se há a legalização em determinada região, às vezes acontece de determinados grupos criminosos se estabelecerem no local para tentar tirar algum proveito. A legalização traz uma série de procedimentos, o que muitas vezes acaba dificultando o acesso às drogas da maneira como os usuários gostariam que fosse. É nesse momento que entra o mercado paralelo, que muitas vezes se aproveita ‘da permissão’ para camuflar o lícito e o ilícito”, explicou.

“Muitas vezes falamos na questão da legalização do uso das drogas, mas acabamos não falando dos efeitos negativos que essa legalização traz”, lembrou. “Esse novo ramo econômico acabou atraindo facções criminosas para lá, acarretando no aumento da violência, inclusive dos homicídios. Temos diversos relatos de integrantes de facções gaúchas atuando no país vizinho. Durante o ano, foi realizada uma grande apreensão de cocaína no Uruguai com indivíduos que têm envolvimento com criminosos oriundos da região do Vale dos Sinos”, recordou.

Fornecimento de ecstasy

O fornecimento de ecstasy ao RS também é destacado pelo diretor do Denarc. “Santa Catarina continua sendo um grande distribuidor de drogas sintéticas. Seguidamente realizamos grandes apreensões desse tipo de droga e no decorrer das investigações de algumas delas, ficou apurado que eram provenientes do estado vizinho”, disse.

Para o delegado Carlos Wendt, os desafios são muitos. “Mais uma vez, reforço a integração entre as forças de segurança como fator preponderante nessa batalha contra o crime organizado. Aliados a isso, temos uma evolução constante no uso de tecnologia nas nossas investigações”, assegurou. “A tarefa é árdua, mas somos resilientes na nossa missão. Continuaremos trabalhando dia e noite para responsabilizar esses criminosos e trazer paz para as pessoas de bem”, garantiu o diretor do Denarc.

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