Justiça realiza 1ª audiência em caso de tio acusado de estuprar e matar sobrinho em Porto Alegre

A Justiça iniciou, nesta quinta-feira (10), as audiências do caso Andrei Ronaldo Goulart, menino de 12 anos encontrado morto na casa do tio em novembro de 2016 em Porto Alegre. Jeverson Olmiro Lopes Goulart, um policial militar da reserva, é réu por homicídio e estupro de vulnerável contra o sobrinho, as informações são do Portal G1.

A defesa do acusado disse que só iria se manifestar após a audiência, encerrada por volta de 21h15. Até a atualização mais recente desta reportagem, o g1 não havia obtido retorno do advogado do réu. Em 2020, ouvido pela RBS TV, Jeverson negou a autoria do crime.

Cinco testemunhas prestaram depoimento à Justiça ao longo do dia. Mãe de Andrei e irmã do acusado, Cátia Goulart foi ouvida como informante na audiência.

“É muito difícil, porque eu não vivo meu luto, eu tenho que focar nessa luta. Não posso me dar ao luxo de ficar chorando em casa, tive que sair atrás de provas para provar que tinha sido meu irmão”, diz, emocionada.

Segundo o juiz Thomas Vinícius Schons, outras oito testemunhas já foram arroladas no processo. O Ministério Público ainda pediu a inclusão de mais duas testemunhas no caso. Posteriormente, as pessoas indicadas para a defesa serão ouvidas.

A defesa da mãe de Andrei acredita que a Justiça pode emitir uma sentença de pronúncia até o início de 2023. Com isso, o caso seria levado a julgamento popular, quando um júri analisa o processo.

Relembre o caso

No dia 30 de novembro de 2016, Andrei estava em casa, onde dividia o quarto com o tio que passava alguns dias em Porto Alegre. A mãe tinha saído de casa com uma amiga. Ela voltou para casa e estranhou o comportamento do filho. Horas depois, Cátia foi acordada pelo irmão.

“Meu irmão entrou no quarto gritando: ‘aconteceu uma tragédia’. Eu não estava entendendo, acordei meio perdida, levantei. Meu irmão foi na minha frente, eu fui atrás dele. Entrei no quarto, estava o Andrei já com um rasgo na cabeça, estava tapado, e eu não consegui entender”, lembra.

A mãe afirma que destapou o filho, quando o irmão reagiu.

“Ele disse: ‘não mexe, não mexe no Andrei para não alterar a cena do crime’. Aquela palavra ‘crime’ naquela hora, apesar de eu estar meio atordoada, deu um estalo. E aí, quando eu destapo os pés do Andrei, ele gritou: ‘minha arma, minha arma tá aqui'”, diz Cátia.

Andrei morreu com um tiro de arma de fogo na cabeça. Na época, o tio disse que o menino pegou a arma dele em uma mochila que estava no quarto.

“Pelo que eu ouvi falar, que poderia ser acidente né, que ele teria mexido na arma, mas eu não vou entrar em detalhe”, disse Jeverson em 2020 à RBS TV.

Investigação e reviravolta

O inquérito policial concluiu que não houve homicídio e que os indícios eram de acidente ou suicídio.

A mãe desconfiava do envolvimento do próprio irmão, depois que ele fez um pedido que ela considerou suspeito. Segundo Cátia, Jeverson pediu cuecas do sobrinho para guardar de lembrança. Ela, então, passou a suspeitar que o filho tivesse sofrido abuso sexual antes de morrer.

O depoimento de um jovem ouvido pelo Ministério Público (MP) provocou uma reviravolta no caso. Jeverson foi apontado como suspeito e ter abusado do adolescente. A partir de então, o MP passou a sustentar que Andrei foi vítima de um crime.

“A minha convicção é plena nesse sentido. Essa criança foi morta para que não falasse. Foi abusada e foi morta para não falar”, diz a promotora Lúcia Helena Callegari.

Segundo a promotoria, depois da repercussão do caso, outras pessoas procuraram as autoridades com relatos sobre a conduta do réu.

Mesmo após a Justiça aceitar a denúncia contra Jeverson, a polícia manteve o entendimento de que não houve homicídio no caso. O laudo de necropsia apontou que o tiro foi dado no meio da testa da vítima, o que, para a perita, caracteriza suicídio.

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