Qual a possibilidade do ciclone que atinge o RS se transformar em furacão?

Pode haver furacão? Em coletiva de imprensa na noite de ontem da Defesa Civil Nacional e do Instituto Nacional de Meteorologia, os técnicos do órgão admitiram a possibilidade de o ciclone na costa gaúcha se transformar em um furacão. Conforme Miguel Ivan, diretor do Inmet, “pode ser algo parecido com 2004”, fazendo referência ao furacão Catarina que atingiu ventos de quase 200 km/h. “Mas pode ser diferente, porque pode ser que aconteça em alto-mar e não chegue à costa”, afirmou, as informações são da MetSul Meteorologia.

A afirmação do Instituto Nacional de Meteorologia não pode ser reputada como fake news, em especial partindo de um órgão oficial e que tem se notabilizado por desmentir as frequentes mentiras que circulam sobre o tempo e o clima na internet. O que há é uma interpretação pelos técnicos dos órgãos.

Meteorologistas não raro enxergam diferentes cenários de acordo com os dados que se valem para fazer a previsão, especialmente modelos numéricos. É absolutamente comum e recorrente no mundo inteiro que haja prognósticos distintos sobre um mesmo evento por diferentes meteorologistas.

No caso deste ciclone, por exemplo, a esmagadora maioria dos meteorologistas no Brasil entende que será subtropical enquanto especialistas nos Estados Unidos entendem que haverá transição para tropical.

A MetSul Meteorologia não projeta a formação de um furacão na costa. Furacão é um ciclone de natureza tropical que, conforme o glossário do Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos, pressupõe vento de superfície sustentado máximo de 1 minuto de ao menos 64 nós ou 118,6 km/h. O vento sustentado neste episódio do ciclone Yakecan deve ficar no patamar de tempestade tropical ou subtropical que varia de 63 km/h a 118 km/h.

O que pode ocorrer, mesmo não sendo furacão, são rajadas com força de furacão (119 km/h ou mais). São rajadas de curta ou curtíssima duração que se sucedem por horas intercaladas com vento mais fraco. É o que a MetSul está prevendo para pontos do litoral do Rio Grande do Sul e na Lagoa dos Patos, para onde os melhores modelos internacionais e o próprio modelo Cosmos do Inmet indica rajadas de 120 km/h a 140 km/h.

Tempestades tropicais, subtropicais e mesmo ciclones extratropicais profundos podem gerar rajadas de vento muito fortes com força de furacão. Em agosto de 2005, um violento ciclone extratropical e explosivo no Rio da Prata trouxe vento de 180 km/h em Montevidéu. Houve muita destruição e uma dezena de mortes no Sul e no Leste uruguaio.

Assim, há dois requisitos para que um ciclone seja classificado como furacão. Um, que seja um ciclone de natureza tropical, logo com centro quente, e este ciclone pode vir a preencher tal critério, embora haja divergência de interpretações sobre a sua natureza. Dois, que o ciclone tropical tenha vento sustentado (contínuo), e não esporádico em forma de rajadas, acima de 119 km/h, o que a MetSul avalia não ser provável.

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