O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), instituição vinculada à Secretaria da Cultura (Sedac), lançou, nesta quinta-feira (27), as maquetes táteis do seu prédio. A cerimônia de inauguração ocorreu nesta tarde, dia do aniversário do museu, como ponto alto da programação comemorativa de seus 69 anos. A secretária da Cultura, Beatriz Araujo, participou da solenidade.
O projeto de acessibilidade foi desenvolvido em uma parceria com o curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), entre 2021 e 2023. A viabilização envolveu recursos captados de patrocinadores pela Lei de Incentivo à Cultura Federal, por meio da Associação dos Amigos do Museu (Aamargs). As maquetes táteis do prédio estarão à disposição na entrada do museu. Para recebê-las, o foyer passou por adaptações, contemplando um espaço dedicado a hospedar as maquetes com a apresentação de conteúdos relacionados ao histórico, estrutura e preservação do prédio em que está situado o museu.
As maquetes táteis apresentam a planta dos dois principais andares do prédio onde o Margs funciona. A realização do projeto se insere nos esforços do museu em avançar nas questões e necessidades relacionadas à qualificação da acessibilidade cultural em seus espaços e acervos, a exemplo do Programa Público Mediação em Libras. Além disso, a ação também tem o propósito de qualificar o foyer enquanto espaço de acolhimento para os seus mais diversos públicos. Ainda em termos de acessibilidade, uma audiodescrição de percurso tátil estará disponível em um QR Code ao lado das maquetes. Além disso, a legendagem dos espaços apresentados nelas contará com texto alternativo em braile.
Beatriz Araujo destacou que o lançamento das maquetes é mais uma das ações afirmativas colocadas em prática pelo Estado. “Fazemos parte de um governo fortemente comprometido com a melhoria da vida de todas as pessoas. Na Sedac e nas instituições vinculadas, desde 2019, temos promovido ações afirmativas para ampliar o acolhimento, o respeito e o acesso de todos e todas ao nosso patrimônio artístico e cultural”, disse a secretária. “As maquetes táteis do Margs se inscrevem nesse trabalho coletivo, que vem crescendo e gerando novos frutos.”
O diretor-curador do Margs, Francisco Dalcol, reforçou que a busca por qualificar as questões e necessidades relacionadas à acessibilidade vem se impondo como um compromisso e uma exigência para museus e instituições culturais. “Com as maquetes táteis, nosso desejo é prosseguir avançando na busca por uma acessibilidade mais ampla e que contemple a diversidade e as necessidades dos nossos públicos.”
O Margs
A data de 27 de julho de 1954 faz alusão ao decreto estadual que oficializou a fundação do Museu de Arte do Rio Grande do Sul. O Margs é uma instituição museológica pública, voltada à história da arte e à memória artística, assim como à produção contemporânea em artes visuais.
É o principal museu de arte do Estado e um dos mais importantes do país, desenvolvendo projetos curatoriais, educativos e editoriais de relevância e importante contribuição para os públicos e os campos artístico e intelectual. Sua principal finalidade é colecionar, documentar, preservar, estudar e divulgar os seus acervos artístico e documental, além de gerar produção de conhecimento, difusão de conteúdos e experiências inclusivas e enriquecedoras.
O museu apresenta exposições temporárias e de longa duração, individuais e coletivas, tanto baseadas no seu acervo quanto de procedência e coleções externas.
Acervos do museu
O acervo artístico do Margs reúne mais de 5.700 obras de arte desde a primeira metade do século XIX até os dias atuais. Abrange diferentes linguagens das artes visuais, como pintura, escultura, desenho, gravura, cerâmica, arte têxtil, objeto, fotografia, instalação, performance, arte digital, vídeo, filme e design.
O conjunto é composto por arte brasileira, com ênfase na produção de artistas do Rio Grande do Sul, e também por obras de artistas estrangeiros, contando com nomes significativos da arte mundial.
Além disso, a instituição possui um acervo documental, referência para a documentação e a pesquisa sobre a história do museu e a trajetória de artistas, agentes e instituições do campo artístico sul-rio-grandense.
Ambos os acervos estão digitalizados e disponíveis para consulta on-line:
Prédio histórico
O prédio histórico onde funciona o Museu de Arte do Rio Grande do Sul foi construído na década de 1910, originalmente para abrigar a Delegacia Fiscal do Ministério da Fazenda. De tipologia neoclássica e com área de 4.855 m², o edifício é um projeto do arquiteto Theo Wiederspahn.
O responsável pela obra foi o engenheiro Rudolph Arhons. Os ornamentos foram realizados pela oficina de João Vicente Friederichs, tendo Victorio Livi e Franz Radermacker como ornamentistas. As esculturas ficaram a cargo de Alfred Adloff. O edifício foi concebido para compor um conjunto arquitetônico na Avenida Sepúlveda de Porto Alegre, junto ao prédio dos Correios e Telégrafos — atual Memorial do Rio Grande do Sul, que também foi projetado por Wiederspahn.
Sede definitiva
Criado em 1954, o Margs ocupou, primeiramente, espaços provisórios em Porto Alegre – inicialmente o Theatro São Pedro (1957 a 1973) e depois o Edifício Paraguay (1973 a 1978). Somente em 1978 o Museu passou a ter como sede definitiva o atual prédio, localizado na Praça da Alfândega. Nele, o museu pode qualificar a sua operação, estrutura e instalações, ganhando maior visibilidade.
A chegada no novo espaço trouxe demandas para o bom funcionamento do museu. Foram instalados equipamentos para medir a temperatura e a umidade ambientais, filtros de luz nas janelas e lâmpadas especiais para obras de arte. Nos espaços voltados às exposições, diferentes paredes expositivas foram construídas ao longo dos anos para exibir as obras de arte. As atuais, de grandes dimensões, ocultam parte dos elementos decorativos originais que se distribuem pelo prédio.
Reformas
No final da década de 1990, o prédio passou por uma profunda reforma estrutural e de adaptação a parâmetros museológicos. Assim, foi realizada uma restauração completa do edifício, que também passou a contar com sistema de climatização (controle de temperatura e umidade para conservação de obras de arte) e nova estrutura para os espaços expositivos.
Entre 2020 e 2023, uma nova reforma trouxe melhorias para a preservação do prédio e a operação do museu. Houve restauração do conjunto arquitetônico integrado por terraço, torreões e fachadas, além da substituição total do sistema de climatização, que passou a contar com controle informatizado, qualificando a preservação e a conservação dos acervos artístico e documental e das obras de arte em exibição.
Patrimônio
Em reconhecimento à importância na história e na arquitetura de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, o prédio foi reconhecido como de interesse público e tombado em âmbito estadual no ano de 1983. Em 2002, foi a vez do tombamento em nível federal, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), reconhecendo o edifício como patrimônio integrante do sítio histórico englobado pelas praças da Matriz e da Alfândega.
Fonte: Governo do Estado do Rio Grande do Sul