Pecuaristas do RS são alvo do golpe da falsa negociação de gado; veja como produtores foram enganados

A Polícia Civil investiga ocorrências registradas por pecuaristas que dizem ter sofrido o golpe da falsa negociação de gado no Rio Grande do Sul. Segundo os produtores, o golpista localiza anúncios de animais na internet, contata o vendedor e pede informações. Depois, ele oferece o gado a um comprador, como se intermediasse o negócio. O dono dos bois chega a receber um recibo da venda, mas o comprovante é falso, as informações são do Portal G1 e da RBS TV.

A investigação ainda não tem suspeitos do crime e não sabe se o golpista age sozinho.

“Ele envolve tanto o comprador como o vendedor. Ele se passa por intermediador, fazendo com que os dois se encontrem pessoalmente, realizem o negócio verbalmente, e o golpista consegue fazer com que o comprador transfira o dinheiro para a conta dele e não para a conta do vendedor”, diz o delegado Charles Dias do Nascimento.

R$ 81 mil perdidos

Morador de Vacaria, na Serra, o produtor rural Ronaldo Dias viveu dias de angústia. Ele perdeu R$ 81 mil comprando 30 cabeças de gado que nunca recebeu.

“Nossa, eu fiquei quase louco. Eu fiquei quase uma semana sem dormir , não conseguia nem dormir”, lamenta.

Após localizar os anúncios, o golpista entra em contato com o vendedor e pede imagens dos animais, como mostra uma gravação obtida pela reportagem da RBS TV.

“Será que teria como você fazer um vídeo pra mim, daquelas 40 do menino lá, e me mandar aqui? Faz um vídeo bem detalhado e me manda aqui, por gentileza”, fala o golpista no áudio.

Esquema do golpe da falsa venda de gado no RS — Foto: Reprodução/RBS TV

Após receber as imagens, o suspeito convence o vendedor de que vai comprar os animais. Em seguida, ele oferece o mesmo gado a um corretor, que ganha uma comissão por intermediar os negócios. Foi um desses corretores que procurou Ronaldo.

“Ele me mandou os vídeos do gado, e acertamos o negócio. E aí ele me disse, ‘esse gado é de um mineiro, é um cliente meu, ele está desfazendo uma sociedade com um rapaz de Viamão'”, conta.

Só que essa sociedade não existe. O rapaz de Viamão, na verdade, é o fazendeiro de quem o golpista acertou a compra das cabeças de gado anunciadas na internet. O combinado, então, era o produtor rural pegar o gado nessa fazenda.

“Eu mandei um caminhão e um rapaz que trabalha com esse caminhão ir lá e carregar o gado, pegar esse corretor em Viamão e ir lá na fazenda. Aí, chegando lá, eles pesaram o gado e me passaram o número da conta. Eu questionei que era a conta de uma mulher. Ele disse: ‘não, é a esposa dele’. Tá tudo bem. Aí eu fiz a transferência e fiquei esperando”, lembra Ronaldo.

O verdadeiro dono do gado recebeu um recibo de depósito, mas o comprovante era falso. Foi aí que eles perceberam que se tratava de um golpe.

Gado em propriedade rural no Rio Grande do Sul — Foto: Reprodução/RBS TV

‘Inexplicável’

O prejuízo sofrido por outro produtor rural, em Marau, no Norte do RS, foi ainda maior. O homem diz ter perdido R$ 180 mil. Dessa vez, o golpista se fez passar por corretor, vendendo uma centena de terneiros que pertenciam a um fazendeiro de Cerro Largo, no Noroeste.

O fazendeiro, que prefere não ser identificado, conta que o falsário clonou o anúncio feito na internet e publicou como se o rebanho fosse dele.

“Só consegui assimilar que estava passando por um golpe quando já não tinha mais, vamos dizer assim, como retroceder isso. É uma coisa inexplicável quando tu vê que tomou o golpe”, desabafa.

O valor anunciado pelo fazendeiro era de R$ 13 o quilo, mas o criminoso fez a falsa venda ao produtor de Marau por R$ 10.

“Os caras têm um poder de persuasão e ludibriam de uma maneira que todo mundo fica meio bobo”, afirma.

Alerta nas redes

O produtor Luís Fernando de Azevedo, de Montenegro, a 61 km de Porto Alegre, conseguiu escapar do golpe e fez um alerta nas redes sociais. Ele estava prestes a fechar um negócio de R$ 280 mil quando desconfiou da conta bancária enviada pelo suspeito.

“Me mandaram uma conta lá de São Paulo. Eu, simplesmente, disse para eles que ‘não’, que eu depositaria para o produtor. Não ia depositar em conta alguma que não fosse a da nota, da via de transporte”, comenta.

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