Dia das Mães: conheça a história de Daiana e Théo

Uma maternidade atípica, assim que a mãe Daiana Schlemmer, 42 anos, define a sua experiência com seu filho Théo Schelemmer Tessaro (in memoriam). O pequeno enfrentou uma grande luta desde o início de sua vida e partiu aos oito meses, no dia 24 de março.

A fim de falar sobre sua história, Daiana destaca que a gestação foi tardia, em uma época em que achava que não seria mais possível realizar o sonho de ter um filho. A maravilhosa notícia chegou, e em janeiro de 2021, souberam que seria um menino.

Algumas inseguranças rondeavam esse início, a primeira foi o fato de Daiana ter enfrentado covid-19 no começo da gestação e a outra era a cardiopatia que o pai tinha. Foram feitos muitos exames, e, no dia 23 de março, ainda no útero, Théo foi diagnosticado com cardiopatia, doença complexa e grave. Segundo a mãe, o caso dele era uma dupla via de saída de ventrículo direito (DVSVD). A partir daí, todo o acompanhamento pré-natal precisou ser realizados em Porto Alegre.

Com o diagnóstico, diversos planejamentos foram interrompidos. Daiana reforça que o médico sempre deixou claro os riscos que existiam. O parto foi as 8h 21min do dia 14 de julho, não sendo da forma que a mãe sonhara. O bebê foi transferido para a UTI Pediátrica de outro hospital e a mãe foi ver o filho novamente às 19h.

“Não tive o parto que eu imaginava e nem outras situações, fui uma mãe de UTI, o que é viver um amor acima de qualquer coisa, um amor que dói, porque a gente romantiza muito o amor e ele não é só aquela coisa linda e bonita, amar é também permitir a dor”, afirma.

Uma grande luta

Depois do nascimento, iniciou a luta, foram duas cirurgias cardíacas de grande porte, uma aos oito dias de vida e a outra aos três meses. Ao todo, foram cinco meses de internação no Hospital Santo Antônio, em Porto Alegre, repletos de altos e baixos.

Primeiros momentos de Daiana com Théo.
(Foto: Arquivo pessoal/Divulgação)

“A maior parte da minha vida como mãe foi dentro de um hospital. Lá, não é a mesma coisa que estar em casa. Eu fui trocar a primeira fralda dele, ele tinha 47 dias. Eu fui ajudar a dar o primeiro banho, ele tinha 48 dias. Então aquilo que se espera de uma mãe normal, eu fui fazer com um bebê de quase dois meses”, destaca.

No dia 31 de dezembro Théo retornou para casa, e foram exatos 83 dias convivendo com a família, onde, segundo Daiana, ele amou e foi muito amado. No começo de março, ele pegou um resfriado, mas conforme os exames não tinha gravidade. Ele foi batizado em um domingo, e no início da semana, voltou com sua rotina, que incluía fisioterapeutas, fonoaudiólogas, além da realização de vacinas. Na quarta-feira dessa mesma semana, ele teve uma piora e necessitou fazer oxigênio no hospital.

“A gente não conseguiu ficar uma hora em casa. Ele aspirou o vomito. Não foi a cardiopatia que matou ele, foi uma fatalidade. A cardiopatia não foi a causa, foi o agravante”, explica.

No hospital, ele foi reanimado várias vezes, mas já teria tido um comprometimento cerebral. Naquele momento, Daiana entendeu que seu filho já havia passado por muito sofrimento. Não tinham alternativas possíveis para salvar a vida de Théo.

“Foi difícil, chorei, me desesperei, mas veio a calmaria. Aí tu entendes que não pode ser egoísta, era o momento dele. Nesse momento, tem que ter um amor maior, que sabe que ele tá melhor onde tá agora”, afirma.

Ensinamentos

Nesse Dia das Mães, Daiana reflete sobre a sua experiência e sobre os ensinamentos que Théo deixou. Foram muitas dificuldades enfrentadas no caminho de uma mãe que passou a maior parte do tempo com seu filho em quartos de hospitais e UTIs.

“Eu vi os meus sonhos desmoronarem no diagnóstico. Tudo que eu imaginei pro Théo, eu tive que dar um novo olhar. Mas eu vivi, fiz tudo que eu podia como mãe, tive que ter um amor diferente de um normal. Eu tive que ver ele ser picado, aspirado, chorando, sob cuidados de outras pessoas. Muitas vezes a gente não é nem mãe lá, é acompanhante. Eu tive que ver tudo isso com olhos de mãe, é um amor diferente, um amor que muitas vezes dói”, recorda.

Durante todo o enfrentamento à doença, os pais estudaram muito o caso e tinham entendimento da gravidade e complexidade da patologia. Por isso, Daiana afirma que a morte os acompanhou desde o diagnóstico, pois eles não sabiam como ia ser, quais seriam os obstáculos.

“Eu me entristeço, sinto saudades dele comigo, mas o que isso me causa é amor, porque eu transformo a minha dor em amor. A história do Théo é muito linda para ser lamentada, devemos ser gratos pelos oito meses que ele esteve com nós”, afirma Daiana.

Théo deixou um lindo legado a todos.
(Fotos: Misti Fotografias/Divulgação)

O legado de Théo é de amor e, sem dúvidas, uma história de esperança, pois sim, ele venceu, venceu muitas etapas apesar de tão pequeno ainda. Daiana agradece por ter feito parte de sua história e carrega esse amor consigo. Por fim, Daiana deixa a sua mensagem nesta data especial:

“A gestação e a maternidade são lindas em todas as suas formas. Ser mãe é um amor muito maior! O Théo me fez mãe, apesar dele não estar aqui, serei sempre a mãe do Théo. E mesmo diante de um diagnóstico tão grave, nunca tive medo de ser mãe, pois somos mais fortes que podemos imaginar. E sim, a maternidade pode não ser perfeita, as vezes dói, mas é algo que te torna muito mais feliz e, filhos, temos que saber retribuir esse amor de mãe, porque é ela que independente da situação, vai estar sempre ao teu lado”, conclui.

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