Toda a capacidade de busca e resgate é empregada na localização dos bombeiros desaparecidos durante incêndio do prédio da SSP

Desde o início dos trabalhos de combate ao incêndio na sede da Secretaria da Segurança Pública (SSP), na noite de 14 de julho, o Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS) organizou uma estrutura operacional completa para viabilizar o trabalho ininterrupto de combate ao fogo e resfriamento da área. Tão logo se verificou a ausência de dois bombeiros militares que atuavam na ação, também foi mobilizada toda a capacidade de busca e resgate aos desaparecidos.

No pátio da SSP, houve alocação de todo o efetivo e equipamentos necessários à operação de resgate do primeiro-tenente Deroci de Almeida da Costa e do segundo-sargento Lúcio Ubirajara de Freitas Munhós.

Vigilância

Em todas as entradas do complexo da SSP, há um forte esquema de segurança com vigilantes da empresa privada que já fazia o controle dos acessos. Os vigilantes permanecem nos locais 24 horas, conferindo a identificação de cada uma das pessoas que ingressam no terreno mediante autorização do comando de operações. A segurança de toda a área também conta com o apoio de efetivos da Brigada Militar e de agentes do Departamento de Inteligência da Segurança Pública (Disp) da SSP, bem como de servidores das divisões de inteligência das demais vinculadas.

SSP dividida em setores para resgate de bombeiros
Complexo da SSP foi dividido em setores para melhor organização das equipes durante a operação de busca – Foto: CBMRS

1 – Posto de Comando de Operações

Resgate bombeiros   Comando de Operações
Estrutura fica no centro do terreno, com visão para toda a área de operação – Foto: Rodrigo Ziebell/Ascom GVG

No centro do terreno, em uma área com alcance visual para toda a área da ocorrência, está instalada uma estrutura de lona do CBMRS onde fica o Posto do Comando de Operações. Nesta base, o tenente-coronel Eduardo Estevam Rodrigues, comandante do 1° Batalhão de Bombeiro Militar em Porto Alegre e da operação na sede da SSP, emite todas as orientações aos oficiais e define o trabalho das equipes de serviço.

Por rádio, a equipe de apoio do comando de operações se comunica com todo efetivo empregado, desde os que atuam na área afetada até o monitoramento da portaria, estacionamento de viaturas e controle do revezamento de equipes a cada turno. Para acompanhar a presença de cada uma das pessoas no terreno, há um quadro que é atualizado a cada nova chegada.

Os líderes das equipes precisam informar o nome dos membros, inclusive os binômios (dupla homem e cão), na entrada e na saída dos turnos. Dessa forma, o comando consegue otimizar as equipes e ter controle dos servidores e recursos empregados, como viaturas e maquinário, que circulam na cena.

2 – Posto de planejamento

resgate dos bombeiros   posto de planejamento
Espaço serve para reuniões realizadas a todo momento pelas diferentes equipes na ação – Foto: Rodrigo Ziebell/Ascom GVG

Ao lado do Posto de Comando de Operações, há outra estrutura semelhante de lona abrigando uma mesa de reuniões e um quadro de avisos. Ela serve como apoio para eventuais necessidades de análises de documentação e outros documentos relacionados ao trabalho de busca e resgate. É também um ponto de parada para encontros rápidos que são realizados a todo o momento para encaminhar decisões no terreno.

3 – Área de espera e estacionamento

A área de espera melhora a segurança dos envolvidos e otimiza o emprego de recursos, facilitando a entrada oportuna e controlada de pessoas no terreno da SSP, proporcionando um local de chegada de pessoal e estacionamento de veículos, equipamentos e ferramentas.

O local tem rotas diferentes de entrada e saída e acomoda os recursos disponíveis, podendo expandir-se caso haja necessidade. Nessa área foram instalados quatro banheiros químicos. Os militares também têm à disposição os banheiros do prédio do futuro Centro Regional de Excelência em Perícias Criminais (Crepec), que fica no terreno ao lado da rodoviária da Capital.

4 – Área de impacto

resgate dos bombeiros   Área de impacto
Próximo ao prédio, circulam apenas os envolvidos na remoção de escombros e no trabalho de busca – Foto: Rodrigo Ziebell/Ascom GVG

O prédio que incendiou e teve desabamento parcial pelo colapso da estrutura é a área de impacto, onde há risco de novos focos de incêndio ou desabamentos. Nesse espaço se desenvolve o trabalho de buscas, onde a ação primária das equipes é a remoção de escombros com ferramentas leves e auxílio de maquinário pesado, próprio para a atividade. Também é empregado equipamento de captação de sons, além da técnica de chamada e escuta, que consiste em, num ambiente de silêncio, chamar pelas vítimas aguardando uma resposta qualquer que seja.

Outra ação é a busca com cães, em um perímetro delimitado de segurança. Nesse trabalho, os binômios (dupla homem e cão) são utilizados com a finalidade de identificar, dentro da especificidade de treinamento de cada cão, sinais como sons e cheiros que possam apontar a localização de vítimas. Foram abertos dois acessos ao prédio, um pela lateral na entrada da Ala Sul, e outro na parede frontal da fachada do anexo, logo em frente à edificação, onde funcionava o Departamento de Comando e Controle Integrado (DCCI).

5 – Área de atendimento

resgate dos bombeiros   área de atendimento
Equipe de psicólogos realiza escuta de bombeiros e familiares dos desaparecidos – Foto: Rodrigo Ziebell/Ascom GVG

Caso algum servidor envolvido na operação necessite de atendimento psicológico ou médico, estão à disposição ambulâncias de resgate do CBMRS e uma estrutura da Cruz Vermelha. Na barraca, há disponibilização de água, máscaras de proteção contra Covid-19, luvas e materiais de primeiro socorro. A instalação funciona 24 horas, com revezamento de turnos por 12 profissionais, sendo cinco psicólogos, três agentes de logística, três agentes de gestão de risco e uma estudante de Psicologia.

Desde a quinta-feira passada (15/7), dia seguinte ao incêndio, a equipe já realizou 21 atendimentos que vão desde a escuta aos militares que atuam nas buscas como também acolhimento aos familiares das vítimas. As seções têm o objetivo de ajudar os servidores e parentes dos desaparecidos a lidar com o conflito de emoções e sentimentos, a angústia pelo tempo de espera, o cansaço pelo trabalho ininterrupto e questões relacionadas ao fato que mais impactam cada um dos atendidos.

Outra orientação importante é quanto à busca por informações, para direcionar a atenção aos canais oficiais, de forma a evitar notícias conflitantes e boatos que aumentem a ansiedade.

6 – Alojamento

resgate dos bombeiros   alojamento
Galpão recebeu beliches para repouso do efetivo no revezamento de equipes – Foto: Rodrigo Ziebell/Ascom GVG

O local se destina a descanso dos efetivos empregados. A estrutura montada pelo CBMRS dentro dos galpões que ficam na entrada do terreno contém alojamentos com cerca de 20 beliches para repouso e consequente revezamento das equipes envolvidas. O local fechado abriga as equipes do frio e de eventual chuva.

7 – Refeitório

resgate dos bombeiros   refeitório
Por dia, a cada almoço e jantar, são servidas mais de cem refeições quentes com carboidrato, proteína e salada – Foto: Kelly Motter/Ascom CBMRS

A tenda fica ao lado do alojamento, com mesas e cadeiras para as refeições. A alimentação, em um primeiro momento, foi viabilizada mediante processo de dispensa de licitação e, após, em uma contratação emergencial pelo CBMRS. O Exército Brasileiro, a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), a comunidade e associações de classe, por iniciativa própria e voluntária, também alcançaram gêneros em complemento aos adquiridos.

A cada almoço e jantar são servidas mais de cem refeições quentes completas, que incluem proteína, carboidratos e saladas. Além disso, estão permanentemente à disposição lanches com café, água, suco, leite, frutas, bolachas e sanduíches.

Este setor é fundamental para a recuperação e manutenção dos servidores em condição adequada de atuação. Colabora ainda para a manutenção do bem-estar do efetivo e incrementa a segurança das ações ao eliminar preocupações com necessidades básicas da rotina diária, permitindo aos militares focarem toda a atenção e concentração no trabalho de buscas.

8 – Equipes da Defesa Civil e de engenharia

resgate dos bombeiros   Defesa Civil e de engenharia
Posto abriga equipes da Defesa Civil Estadual e Municipal, além de engenheiros que auxiliam na análise estrutural do prédio – Foto: Ascom CBMRS

A operação conta com a estrutura da Defesa Civil Estadual, ao lado do Posto de Comando de Operações, para abrigar os servidores da instituição, da Defesa Civil Municipal e um grupo de engenheiros apoiam a análise das estruturas do prédio.

A tenda é utilizada para reuniões e para a avaliação dos materiais recolhidos pelos profissionais, bem como para o assessoramento sobre a abordagem ao prédio e necessidade de escoramentos e utilização de maquinário pesado, de forma a evitar novos desabamentos parciais de partes da construção que ficaram em suspenso na estrutura colapsada.

9 – Núcleo de coordenação operacional

É o posto onde as equipes de trabalho se preparam para ingressar na área de impacto, conferindo o efetivo de cada frente de ação dentro da estrutura colapsada do prédio, os equipamentos e ferramentas necessários e a definição das tarefas de cada militar.

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