Polícia Federal abre inquérito para investigar o vazamento de dados de mais de 220 milhões de brasileiros

A PF (Polícia Federal) abriu um inquérito para investigar o megavazamento de dados de cidadãos e autoridades na internet. Na semana passada, o megavazamento atingiu mais de 223 milhões de brasileiros (incluindo pessoas já falecidas), que tiveram as informações pessoais expostas. Esse é o maior vazamento do tipo já identificado no Brasil.

A PF recebeu no dia 28 de janeiro um pedido da ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados) para abrir a investigação.

A ANPD é o órgão da administração pública federal responsável por zelar pela proteção de dados pessoais e por implementar e fiscalizar o cumprimento da Lei Geral de Proteção de Dados no Brasil.

O inquérito vai apurar todos os vazamentos recentes envolvendo cidadãos e autoridades, relatados em reportagens. Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro teve dados expostos e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) tiveram até seus dados vendidos na internet, segundo o jornal o Estado de S. Paulo.

Inquérito das fake news

Na quarta-feira (03), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, determinou a investigação do vazamento e da possível venda pela internet de CPFs e dados pessoais dos ministros do tribunal. A apuração se dará no inquérito das fake news, já em andamento na Corte.

O inquérito das fake news foi aberto em março de 2019 por determinação do então presidente do STF, Dias Toffoli. A investigação apura temas ligados à disseminação de conteúdo falso na internet e de ameaças a ministros do Supremo.

O inquérito das fake news já atingiu políticos, empresários e blogueiros apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Todos negam irregularidades. Agora, com essa frente sobre vazamento de dados, a ideia é identificar autores dessas postagens e descobrir a quem eles estão ligados.

O que se sabe

Veja o que se sabe e o que ainda não foi esclarecido sobre o megavazamento de dados de 223 milhões de brasileiros revelado recentemente:

1) Quais dados vazaram?

Foram dois vazamentos: um deles tinha 223 milhões de números de CPF, acompanhado de informações como nome, sexo e data de nascimento, além de uma tabela com dados de veículos e uma lista com CNPJs (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas). Essas informações circulam na internet de forma gratuita.

O outro incluía, além dos 223 milhões de CPFs, informações sobre escolaridade, benefícios do INSS e programas sociais (como o Bolsa Família), renda, entre outras informações. Esse está sendo vendido por criminosos.

Juntos, os dois vazamentos continham:

– Dados básicos relativos ao CPF (nome, data de nascimento e endereço);
– Endereços;
– Fotos de rosto;
– Score de crédito (que diz se é bom pagador), renda, cheques sem fundo e outras informações financeiras;
– Imposto de Renda Pessoa Física;
– Dados cadastrais de serviços de telefonia;
– Escolaridade;
– Benefícios do INSS;
– Dados relativos a servidores públicos;
– Informações do LinkedIn.

2) Como saber se um dado meu foi vazado?

O número de CPFs vazados (223 milhões) supera a população brasileira (estimada em 212 milhões). Então, é provável que pelo menos dados básicos de cada cidadão estejam disponíveis e que, entre eles, estejam dados de pessoas já falecidas.

Não é possível afirmar que todas as informações sejam verdadeiras, mas muitas delas estão corretas, segundo Altieres Rohr, especialista em segurança digital e que teve acesso aos arquivos que foram disponibilizados publicamente.

As pessoas não têm como saber se alguma informação específica a seu respeito consta em um dos vazamentos.

3) De onde são esses dados?

Ainda não se sabe de onde esses dados foram roubados. É possível que o pacote tenha sido consolidado a partir de diversas fontes, incluindo outros vazamentos anteriores.

Algumas das informações que constam no vazamento fazem referência a empresas ou serviços, mas não é possível afirmar se esses dados realmente foram retirados das companhias mencionadas.

Ao longo dos anos, diversas informações pessoais de brasileiros vazaram, partindo inclusive de órgão do governo.

Com informações do Portal O Sul.

Sair da versão mobile