Secretário Municipal de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer de Nova Prata, Everson Marca responde, por que o setor do turismo deve reabrir?

É sabido que, desde o início da pandemia, o setor mais prejudicado, economicamente, é o setor do turismo. Fala-se em US$ 320 bilhões de prejuízo no turismo mundial. No Rio Grande do Sul, o montante deve passar de R$ 5 bilhões. São milhares de empregos somente aqui no Estado que dependem da atividade. Em sua imensa maioria, trata-se de micros e pequenas empresas, muitas delas de caráter familiar.

A Serra Gaúcha, em especial, que se tornou um dos principais destinos turísticos do País, tem sofrido muito mais os impactos econômicos da suspensão das atividades deste setor.

O Sistema de Distanciamento Controlado do Estado do Rio Grande do Sul tem garantido, mesmo em bandeiras mais restritivas, que determinados setores econômicos possam continuar suas atividades. Sem apontar nenhum dos setores econômicos privilegiados, é importante destacar que é um erro monstruoso não elevar o turismo à categoria dos setores econômicos que precisam voltar à atividade.

O erro não é só pelos números apresentados acima que impactam nossa economia, mas também porque é preciso entender o caráter colaborativo e dependente da tríade que compõe o turismo: gastronomia, hotelaria e atrativos, além dos inúmeros serviços que circundam essas atividades. O cluster do turismo precisa atuar conjuntamente para que tenha sucesso. Não há turismo sem uma gastronomia diversificada e de qualidade, sem uma hotelaria abundante e competitiva e sem atrativos que possam despertar o interesse e encantar o visitante. Quando uma dessas atividades fica comprometida, todo o setor fica comprometido. Não adianta termos hotéis abertos, se as pessoas têm que fazer suas refeições dentro dos carros, sentados na sarjeta, em escadarias, ou bancos de praça, com uma condição sanitária de muito maior risco que a oferecida no interior dos empreendimentos gastronômicos. Não haverá movimentação turística, se não for possível oferecer aos visitantes as experiências de nossos atrativos.

É um erro também imaginar que a suspensão das atividades turísticas fará com que se diminua a circulação de pessoas e, consequentemente, a proliferação da contaminação. As pessoas, em geral, continuaram a circular, mesmo com a atividade turística suspensa. Vê-se muitas atividades clandestinas em sítios, muita reunião de amigos e familiares, ou seja, sem ter como sair para vivenciar as experiências turísticas, muita gente, esgotada pelo confinamento sem fim, em ritmo crescente tem buscado nos encontros clandestinos e nas reuniões de famílias e de amigos satisfazer sua necessidade de convivência. E é nessas reuniões que tem ocorrido a maior parte da proliferação da contaminação.

As empresas que atuam no setor do turismo, por sua vez, desde sempre lidaram muito bem com protocolos sanitários e de segurança. Por isso, para o Ministério do Turismo foi muito fácil e rápido, ouvindo o setor e os técnicos em epidemiologia e vigilância sanitária, implementar protocolos que garantam uma extraordinária segurança para que se evite a contaminação nos ambientes turísticos e uma qualificada rastreabilidade caso haja o mínimo sinal de contaminação em algum setor. O Selo Turismo Responsável Limpo e Seguro certifica esses empreendimentos turísticos que adotam os protocolos do Ministério do Turismo.

É, apostando na qualificação dos espaços e nos protocolos de segurança, que o setor do turismo precisa voltar a funcionar urgentemente, sob pena de vermos dezenas de anos de trabalho e investimento irem “rio grande do sul” abaixo.

O turismo precisa de previsibilidade para funcionar. O sistema de “abre e fecha” inviabiliza a retomada das atividades. Por isso, o Comitê de Retomada do Turismo apresentou ao Governo do Estado, há mais de 10 dias, uma proposta de qualificação do Sistema de Distanciamento Controlado que substitua os protocolos de “abre e fecha”, adotando protocolos de aumento e diminuição da carga. O silêncio, a protelação e a demora na avaliação desta proposta tem sido a causa de um grande desespero para empreendedores e trabalhadores do setor do turismo que veem seus negócios e seus empregos se esvaindo por entre os ralos da burocracia estatal.
Os prefeitos, vinculados a AMESNE, entendendo a situação desesperadora do setor e, contrariados pela protelação, por parte do Governo do Estado, para analisar o estudo técnico que propõe a qualificação do “sistema de bandeiras”, de uma forma orquestrada, publicaram decretos permitindo a abertura das atividades turísticas, limitando a capacidade de carga, durante a vigência da bandeira vermelha, em 25% do atendimento.

Essa ação causou, inicialmente, um alento para quem está vinculado à atividade turística, porém, em alguns municípios, o setor judiciário tem cassado a vigência desses decretos. Diante desses impasses e da guerra de liminares que começam a pipocar na região, urge que o Governo do Estado se posicione, sob pena de começarmos a observar uma situação de desobediência civil, pois a grande maioria das pessoas ligadas ao setor já não aguentam mais a instabilidade provocada pelo abre e fecha de suas atividades e pelo descaso em ouvir os seus anseios. Ou por outra, diante da desídia do Governo do Estado, o Judiciário, fazendo justiça, deveria garantir a validade desses Decretos, permitindo o funcionamento das atividades.

Everson Marca, Secretário Municipal de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer de Nova Prata

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