Neste dia do abraço, entenda como a falta de afeto pode prejudicar a saúde mental das pessoas de diferentes idades

Dia 25 de maio é o dia nacional do abraço, o qual é uma demonstração de carinho, afeto ou amizade que está presente em todas as culturas. O procedimento normal é comemorar a data dando muitos abraços, porém, neste ano de 2020 a pandemia de Coronavírus impedirá este contato físico.

Por conta disso, a reportagem da Studio realizou uma pesquisa junto a pessoas de diferentes idades, para compreender como cada indivíduo está sentindo os efeitos da falta de afeto, além de saber sobre os reflexos na saúde mental conversando com uma Psicóloga e Psicanalista.

A falta de afeto para as crianças

As crianças, as quais mantêm constante contato com seus amigos, frequentam a escola e fazem algumas outras atividades com outras crianças estão, também, sendo muito afetadas por este momento de distanciamento social. Divergindo dos comportamentos expostos pelos adultos, os pequenos possuem dificuldades em demonstrar em palavras o que sentem, por isso, é comum que neste momento eles estejam mais agitados e com um comportamento atípico.

Valentina Orsi, de nove anos, residente em Veranópolis, conversou com nossa reportagem e falou sobre como se sentia neste momento. Ela, assim como os demais alunos do ensino fundamental estão sem aulas presenciais. Em seu relato, a jovem reiterou que a questão que ela mais sente falta são as brincadeiras com seus colegas e os abraços que dava em suas professoras e amigos. Além disso, citou que sente falta de poder visitar outras crianças, por vez que era um hábito no seu cotidiano. ” É difícil se acostumar” finalizou.

Como os jovens lidam com o distanciamento?

Jovens e adultos sentem, a sua forma, este distanciamento social. Estes possuem uma vida ativa, com diversas atividades e responsabilidades, as quais também são fortemente afetadas. A adaptação e mudança de atividades acabam por afetar de forma brusca esta parte da população, exatamente por esta maior produtividade, a qual precisa ser reinventada e adaptada para novas ferramentas.

Clara Bauer, de vinte anos, residente em Porto Alegre, também conversou com a nossa reportagem para contar como está sendo este período de distanciamento social para uma jovem residente na Capital do Rio Grande do Sul.

Bauer afirmou que a o abraço sempre foi algo muito importante na sua vida, entre amigos e família, podendo ser caracterizado como um fator terapêutico nos momentos mais difíceis. Este, segundo ela, não está sendo diferente no meio da pandemia em que mais do que nunca o abraço se faz necessário.

Contudo, por conta do distanciamento social e a impossibilidade disto acontecer, Clara falou que aprendeu a ressignificar o abraço, ou seja, neste momento ele está sendo muito mais virtual do que físico. Palavras de carinho enviadas para amigos e família servem como demonstração de afeto, mesmo que não físico. “Para que assim a gente fique isolados, mas não fique sozinhos”, finalizou.

A solidão na terceira idade

Veranópolis é a Terra da Longevidade. Muitos fatores auxiliam para que as pessoas daqui vivam mais: boa alimentação, fé, cuidados com a saúde, mas, entre estes, o convívio social e demais atividades de convivência são os principais. Este aspecto se torna de grande relevância, pois lida com um grande problema que se pode ter na terceira idade: a solidão.

Contudo, este cenário está muito diferente nos últimos dias, pois, com o Coronavírus e o consequente distanciamento social, os idosos não devem mais sair de suas residências. 

Sediglia Poletto Bés, de 91 anos, também conversou com a nossa reportagem, para contar como está sendo este período sem afeto físico para ela, a qual sempre foi muito carinhosa e gosta de abraçar a todos.

A senhora afirmou que a maior falta do carinho se da pela família, que mesmo mantendo contato eletrônico, por telefone e raras visitas presenciais, não podem dar o calor humano que era comumente identificado no seu cotidiano. Apesar de uma frustração por este momento difícil, a mulher que já é Bisavó afirmou que entende a importância de permanecer distante e está otimista que tudo vai passar.

O hábito do abraço é tão intrínseco a seu caráter que, ao fim da entrevista que foi por telefone, disse a nossa reportagem, “um abraço de longe, querida”.

O que a psicologia e psicanálise já aponta de consequência da falta do contato na saúde mental

A reportagem da Studio entrou em contato com a Psicóloga e Psicanalista Andrelise de Souza (CRP: 07/26431), para averiguar o que já sabemos sobre a maneira que a falta do abraço e afeto podem estar interferindo na saúde mental das pessoas, neste momento de pandemia.

Na oportunidade, Andrelise afirmou que a avaliação dos efeitos poderão ser observados, mais precisamente, apenas quando este período de distanciamento cessar. Uma questão, porém, que já pode ser observada é a aprendizagem de nos relacionarmos com as pessoas de outras formas, de demonstrarmos carinho pela voz, pela fala, pelo olhar e o uso das tecnologias. A criatividade possui, também, um papel central para mitigar os efeitos da falta do contato físico.

Contudo, independente de todas estas estratégias, é notável que o abraço é sim uma demonstração de afeto relevante e que com certeza, mesmo que outros mecanismos sejam encontrados, gera uma falta muito grande, cujos efeitos poderão ser observados no futuro. Entretanto, a ressignificação do afeto, com certeza é um legado que será levado para o futuro e que tem função ímpar.

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