Como estão os idosos de Veranópolis neste distanciamento social

Veranópolis é a Terra da Longevidade. Muitos fatores auxiliam para que as pessoas daqui vivam mais: boa alimentação, fé, cuidados com a saúde, mas, entre estes, o convívio social e demais atividades de convivência são os principais fatores. Este aspecto se torna de grande relevância, pois lida com um grande problema que se pode ter na terceira idade: a solidão.

Contudo, este cenário está muito diferente nos últimos dias, pois, com o Coronavírus e o consequente distanciamento social, os idosos não devem mais sair de suas residências. Por conta desta situação, a reportagem da Studio conversou com duas senhoras, a Maria Eni e a Izabel Biasi, para entender um pouco mais sobre como as pessoas que estão na melhor idade sentem-se diante deste isolamento. Além disso, entramos em contato também com a Psicóloga Andrelise de Souza, para entendermos como isso pode afetar a saúde mental dos idosos e como as pessoas mais jovens podem auxiliar neste momento difícil.

A falta dos encontros

Conversamos, por telefone, com a Izabel Biasi, ela que é Presidente do Grupo da Longevidade de Veranópolis, para entendermos como ela e os demais idosos do grupo estão se sentindo diante desta situação.

Izabel afirmou que conversou com outras senhoras e senhores por telefone, que relataram a grande falta que o grupo está fazendo. Ela atestou, também, que estão todos muito apreensivos, assustados e com medo pelas incertezas que a doença apresenta. Contudo, afirmou que todos estão muito conscientes, ficando em casa e tomando todas as medidas de proteção. “Esperamos que todos voltem aos encontros e com saúde”, concluiu Izabel.

Mesmo que a falta seja grande e a tristeza junto ao medo estejam presentes , algumas estratégias para driblar estes sentimentos ruins estão sendo realizadas. Biasi disse que, estão todos mantendo contato pelo telefone. Além disso, as orações permanecem, cada um em suas casas, de forma individualizada.

Para finalizar ela afirmou que, estão todos com muitas saudades, mas que no momento é necessário que permaneçam em casa, protegidos e prevenindo-se , pois, assim, todos voltarão bem para os encontros quando eles retornarem.

A importância da fé

Maria Eni, uma senhora muito religiosa e participativa na organização das celebrações e demais atividades da comunidade em que vive, também conversou conosco pelo telefone. Maria, assim como Izabel, afirmou a grande falta que faz estar junto com suas amigas e realizar as suas atividades na Igreja.

Ela afirmou que antes do distanciamento social tinha uma rotina bem organizada, dias da semana específicos para participar das missas, outros para organizar o local de encontro, entre outras atividades, cenário que mudou totalmente depois do Coronavírus. Eni ressaltou como essa falta de encontrar pessoas, de ver seus amigos, de participar das celebrações eucarísticas e de ter contato com os outros é prejudicial, principalmente para a pessoa idosa que costuma se sentir sozinha. Ela atestou que este momento é de medo e de agravamento da tristeza, pois, segundo ela, estar na comunidade auxilia a esquecer os problemas.

Contudo, Maria entende a importância de ficar em casa e de se proteger, por isso, achou suas próprias estratégias para tentar seguir a sua rotina em meio a pandemia. Ela disse que continua orando de sua casa e assistindo as missas pela televisão, assim ela se mantém bem e feliz, pois a fé é elemento chave em sua vida.

O que nós podemos fazer?

Todos nós sabemos que este momento é difícil, principalmente para as pessoas da melhor idade. Contudo, devemos nos questionar se as nossas ações perante este grupo não estão sendo ainda mais prejudiciais para eles. Por conta disso, a reportagem da Studio conversou, também, com a Psicóloga Andrelise de Souza, para elucidar “o que nós podemos fazer?” para não tornarmos este momento de isolamento social ainda mais negativo para os idosos.

Segundo a Psicóloga é importante que os idosos possam estar amparadas pela família e amigos, ou seja, é necessário que se use as tecnologias para manter o contato. Uma ideia muito interessante dada pela Andrelise é que os pais dos netos destes senhores e senhoras enviem vídeos ou então mantenham sempre o contato pelo telefone, pois, os idosos sentem muita falta da família.

Uma questão muito importante é evitar rotular os idosos como impotentes, eles devem sim ser cuidados, afirma a psicóloga, mas devemos ter consciência que eles são pessoas que possuem vontades e que devem fazer o que gostam. Outro rótulo que deve ser deixado de lado é o muito frisado por todos, que diz respeito a repetir que eles são o grupo de risco. Isto pode ser muito prejudicial e afetar ainda mais a saúde mental deles neste momento, porque os deixam ainda mais em pânico. É importante cuidar, porém, não os limitar ou deixá-los sentindo-se mais impotentes, afirma Andrelise.

A dica diretamente para os senhores, frisada pela psicóloga, é que eles evitem consumir notícias demais, que mantenham a sua rotina, mas adaptem a mesma para suas casas. Evitar ficar só de pijama, se cuidar, se manter ativo, são os principais tópicos. Ela atestou, também, que é um momento muito oportuno para o aprendizado, se os idosos isto quiserem. Contudo, é extremamente necessário continuar fazendo o que se gosta, manter sua rotina ativa.

Por fim, Andrelise afirmou que tudo isso vai passar e as coisas irão melhorar. Afirmou a importância também da psicoterapia, que auxilia muito na saúde mental, as quais estão também sendo realizadas online para o público idoso.

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